Guardiões da Humanidade - Colegiado Curitiba

LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE E A POLÍTICA DO ANTICRISTO

Por Gisele Scafuro
Advogada e professora universitária

Ainda refletindo sobre as leis universais e num momento histórico que deve ser observado e analisado com bastante serenidade e seriedade, falar sobre a tríade “liberdade, igualdade e fraternidade” e sobre a política do anticristo parece-me bastante relevante.

No entanto, antes, gostaria de esclarecer que os pontos que levantarei aqui surgem a partir de aulas que acompanhei na plataforma dos Guardiões da Humanidade sobre geopolítica e a política do anticristo. Estas aulas foram ministradas por Leonardo Möller, editor da Casa dos Espíritos, por quem nutro sincera admiração e respeito e a quem já peço desculpas caso altere por minha livre interpretação algo que ele tenha dito.

Farei, assim, uma ligação do que tenho estudado sobre as leis universais com a ideia que Leonardo traz. Meu objetivo é apresentar um texto que estimule a pesquisa e a reflexão.

Na obra “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec trata das leis universais e dentre as questionadas e explicadas pelos espíritos estão a lei de liberdade e a lei de igualdade.

Muito resumidamente é colocado que a liberdade absoluta não existe, pois todos precisamos uns dos outros (1). Sobre a igualdade, afirma-se que todos somos iguais porque todos temos os mesmos direitos.

A fraternidade, por sua vez, não aparece como lei universal, nesta obra, mas devemos destacar que Jesus Cristo em seus ensinamentos apresenta a ideia de que somos todos irmãos e, assim sendo, a caridade, o amor ao próximo, a misericórdia, o perdão são virtudes ou objetivos a serem alcançados durante o processo evolutivo.

Olhando pelo prisma histórico da humanidade, o ideal da Revolução Francesa, mesmo sob um pano de fundo de negação da religiosidade e de defesa da razão sobre todas as coisas, trouxe, como sabemos, estes três pilares: liberdade, igualdade e fraternidade.

Mais interessante ainda, como destaca Leonardo Möller, os revolucionários franceses (que fundam a ideia de esquerda, aos olhos de historiadores), mesmo tendo estes pilares como meta, combateram a direita, ou seja, o absolutismo da época, cortando cabeças de seus inimigos.

Estes revolucionários acreditam que devem desconstruir tudo, recomeçando com novas ideias para assim tornarem o mundo melhor. O esquerdismo nasce também eliminando a ideia de Deus, colocando a razão acima de tudo. Ao apagar a ideia de Deus, este movimento toma o seu lugar, afinal não há como deixar este vazio, pois o ser humano necessita e acaba por buscar a religiosidade mais cedo ou mais tarde.

Portanto, o esquerdismo traz, segundo Leonardo, uma visão utópica de construir o paraíso na Terra, como se isto fosse possível. É dessa forma que o esquerdismo ganha adeptos. Aliás, da mesma forma que religiões o fazem.

Fato é que a Revolução Francesa, mesmo com seu ideal de liberdade, igualdade e fraternidade, desrespeitou inúmeros valores morais (leis universais e cristãs) e, como não bastasse, esta Revolução, ao seu final, se assim se pode dizer, termina com o governo de um tirano.

O ideal que nasce por um propósito legítimo de tirar o povo da opressão de monarcas e da miséria, torna-se uma política marcada por aquilo que podemos chamar de política do anticristo. Isto porque o que acabou predominando foi a violência, o orgulho, a ganância de poder, valores totalmente contrários a ideais ou leis como a da justiça e a do amor.

Falemos então de política.

Política, no sentido aristotélico, é “a ciência que tem por objetivo a felicidade humana e divide-se em ética (que se preocupa com a felicidade individual do homem na Cidade-Estado, ou pólis), e na política propriamente dita (que se preocupa com a felicidade coletiva)” (3).

Aqui cabe um parêntese: é muito interessante observar que para Aristóteles a política tem a ver com a busca pela felicidade do homem individual e coletivamente. E pensar que, hoje, quando falamos de política, discutimos partidarismo e outros “ismos”. Fecha parêntese.

Já no dicionário encontramos que política é a arte ou ciência de governar; é a arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados.

Tomando apenas estes dois sentidos para política, acho que podemos dizer que sim Jesus falou de política. E como muito bem lembra Leonardo Möller, Moisés também ao instituir, por exemplo, os 10 mandamentos, buscando acima de tudo melhorar a vida em coletividade de seu povo naquele momento histórico.

Fato é que Jesus traz, por exemplo, sua política explicitada nas bem-aventuranças. Jesus também combate as autoridades políticas e religiosas da época em debates públicos registrados nos textos bíblicos. Jesus pode, inclusive, ser considerado um ativista político, contestador e até revolucionário (no sentido de provocar mudança). Vale lembrar, que Jesus foi morto por políticos da época. E qual era o objetivo de Jesus? Apresentar e defender leis morais e universais que nos conduzirão à evolução individual e coletiva. Aí está sua política, muito bem estruturada, clara, sem artimanha. A sua política, portanto, é aquela que tem como lei máxima o amor e a partir dela todas as demais leis, que são leis universais.

E a política do anticristo como podemos, então, definir? Com base no livro “O Partido”(2), podemos concluir que é aquela que surge no plano extrafísico, defendida por seres milenares muito inteligentes que discordam da política apresentada por Jesus. Política que está representada no plano material do planeta, em todos os países, de forma muitas vezes disfarçada, como assim o previu o nosso Mestre.

Sobre isto, destaco em Mateus:

“Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.” (Mateus 7:15, 21-23)

E ainda

Mateus 24:4-5, 24-26 “Respondeu-lhes Jesus: Acautelai-vos, que ninguém vos engane. Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; a muitos enganarão. Porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que de antemão vo-lo tenho dito. Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto; não saiais; ou: Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis.”

Sendo assim, a política do anticristo não está manifestada apenas nas guerras, na violência urbana, na fome de milhões por descaso de governos, a política do anticristo, nos alerta Leonardo Möller, pode estar difundida, por exemplo, na ideia de inclusão, aquecimento global, autoestima, liberdade e igualdade de gênero, direitos humanos, etc.

A política do anticristo pode estar na atitude de qualquer regime econômico, político. Pode estar nos ideais da esquerda (ou da direita – hoje tudo muito misturado e conceitualmente confuso para a maioria), populista na maioria das vezes, que arregimenta adeptos com um discurso de levar comida aos pobres, ou erradicar a pobreza, ou de construir universidades (local onde a esquerda, mais se difunde entre os intelectuais), ou de defender os direitos da mulher ou dos homossexuais ou dos pretos ou dos índios.

De jeito algum, está se negando aqui a legitimidade e importância de defender direitos, de oferecer educação, de combater violências contra minorias ou qualquer pessoa que seja. O que se coloca apenas é que a defesa da liberdade e/ou igualdade deve ser feita de forma consistente, refletida, sem ser bandeiras interesseiras, sem intenções manipuladoras e hipnóticas. Somos todos diferentes com direitos à vida, ao amor, à justiça, à felicidade. É dessa igualdade que devemos falar e respeitar.

De qualquer forma, sabemos que nem tudo é ruim. Sabemos que o bem e o mal coexistem num planeta de expiação e provas. Mas, devemos considerar que sim há uma política do anticristo sendo aplicada em larga escala no mundo físico e, principalmente, no extrafísico. Política disfarçada de moralidade, de defesa da liberdade, da igualdade e até da fraternidade. Política que está conseguindo enganar até os escolhidos. Até a elite intelectual e dita espiritualizada. Exatamente como Jesus previu.

E como lembra Leonardo Möller, muitas vezes, as pessoas têm boas intenções. Mas apenas isto não basta, pois há uma ingenuidade pautada na vontade de fazer o bem sem ter certeza sobre como fazer corretamente, sem considerar o que se deve realmente defender em quanto valor moral, ético.

Enfim, considero a reflexão aqui proposta por demais importante diante deste momento decisivo para o nosso planeta. Nesse sentido, honro o trabalho realizado pelos Guardiões da Humanidade por meio destas pessoas, Robson Pinheiro, Marcos Leão e Leonardo Möller, para citar apenas alguns, pessoas tão comprometidas com o estudo, com o trabalho e com a busca da verdadeira justiça e com a política de Cristo, aquela que há muito nos foi ensinada, mas que ainda custamos a aprender.

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Notas

(1) Sobre a liberdade gostaria de fazer ainda uma colocação. Gosto muito da ideia de que somos conectados, de que somos UM SÓ, de que fazemos parte do TODO. É muito bom este sentimento de pertencimento. Assim sendo, nunca entendi porque as pessoas pregam tanto a liberdade como forma de se desconectar do outro, se ver livre de compromissos, responsabilidades, para fazerem o que quer. O que é ser livre afinal? Talvez tenha chegado a hora de dar um passo além. Há muitas distorções na forma como interpretamos esta lei. Por isso, fico muito feliz com a resposta dada pelos espíritos a Kardec: liberdade absoluta não existe, pois precisamos uns dos outros. Assim, vale o questionamento: por que não um país depender do outro? Por que não um produzir trigo e o outro produzir o leite? Por que não trocarmos o que temos? Por que não colaborarmos uns com os outros? Por que não compartilhar? Ser livre é todos podermos seguir os nossos caminhos de evolução em união com o próximo, construindo uma sociedade realmente fraterna.

(2) INÁCIO, Ângelo [Espírito]. O partido – projeto criminoso do poder. [Psicografado por] Robson Pinheiro. Editora: Casa dos espíritos, 2016.

(3) https://brasilescola.uol.com.br/politica/politica-definicao.htm

Imagem: Epic Global Network. Em: https://www.megacurioso.com.br/educacao/108804-confira-uma-selecao-de-10-curiosidades-relacionadas-com-anjos.htm

Edição: Karen Suckow e Rogério M. Ovsiany